sexta-feira, 12 de março de 2010

Vertigem

Lenna sente uma leve vertigem, o mundo ao redor gira em torno de si, será um leve egocentrismo, também, de sua parte? Seus sonhos de menina estão todos ali, pairando distorcidos, em sua mente. Os vestidos da infância já não cabem mais, visto que sente uma necessidade imensa de cobrir seu corpo com algo que não seja tão leve, feminino e livre.

Começa a pensar que sua vida é uma adaptação de um filme, que para ela se chama "Corra, Lenna, Corra", ela vive correndo contra o tempo, e não a favor dele. De repente, chegando ao fim do arco-íres, encontre um pote de sonhos banhados a ouro, quem sabe...

Lembra que pulava amarelinha, tentando chegar ao céu, que parece agora tão distante. Não podia pisar nas linhas, e continua sem poder pisá-las. Cada passo/pulo deve ser tão certeiro para que não precise voltar, mas ela sempre pisa, e sempre volta, para o mesmo lugar. São tão pequenos os espaços nos quais ela deve estar, que acaba tropeçando, pisando em falso, e regredindo.

Sente, também, como se estivesse ainda, em uma eterna brincadeira, muito séria, de vaca-amarela, e ela sempre perde, acaba falando algo errado, na hora errada. É impressionante como uma palavra mal dita, maldita, a coloca em situações conflitantes.

Quando criança Lenna sonhava em ser atriz, e hoje, ela realizou seu sonho, também de forma distorcida, ensaiando papeis na vida diária, sempre ensaiando, a comédia dramática de sua vida.

E segue, vivendo, com uma taça de loucura, com cubos de desatino, embriagada por seus instintos.